quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

No país da Operação Porto Seguro, MEC aplica uma prova que traz uma tirinha retratando sexo oral! É o Brasil assombrando o mundo!

Por Reinaldo Azevedo

Há muito tempo, como vocês sabem, venho alertando para a progressiva delinquência intelectual das provas oficiais aplicadas pelo MEC e seus entes subordinados. Há dias, apontei – e ainda falta tratar de outras questões da prova – a patrulha ideológica explícita, arreganhada, no exame do Enade (o provão) para os estudantes de jornalismo. A prova de redação do Enem era pura feitiçaria dita “progressista”. Também tenho destacado a obsessão dos examinadores por tirinhas de jornal, charges, quadrinhos…  Trata-se de uma suposta tentativa de modernizar a linguagem das provas de seleção ou de avaliação, na suposição de que se está a usar o “universo do educando”. É uma das heranças malditas de Paulo Freire na educação brasileira. Não é o único lixo intelectual que ele deixou, não, que ajuda a manter a educação brasileira no buraco. Há outros.  Pois bem. Some-se a tudo isso o ódio que os fazedores de prova têm ao capitalismo, à propaganda e à “mídia” e acrescentem-se pitadas de, deixem-me ver como chamar, “moral alternativa”. A mistura é explosiva. Cedo ou tarde se chegaria ao que aconteceu na prova da seleção do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo (IFES). Uma tirinha, de maneira inequívoca, clara, insofismável, retrata o… sexo oral. Vejam.















Se as provas de história e geografia já viraram terra de ninguém (pode-se perguntar qualquer coisa sob o pretexto de incentivar o “espírito crítico”), nada se equipara, no entanto, ao que está em curso nas provas de língua portuguesa. As questões sobre “interpretação de texto”, como é o caso, costumam apelar ao mais escancarado proselitismo. E o próprio instituto confessa isso. Pais e estudantes protestaram contra a questão. A escola emitiu a seguinte nota oficial, que combina várias formas de delinquência intelectual. Prestem atenção (os destaques em vermelhito são meus).
Quanto ao “Texto 02” da prova de Língua Portuguesa do Processo Seletivo para Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes, realizado neste domingo (2), a Banca Elaboradora da prova esclarece que os quatro textos selecionados, bem como as questões de 1 a 15, abordavam estratégias publicitárias e mensagens textuais utilizadas pela propaganda, questionando a influência dessas.A Banca afirma que não viu a tirinha selecionada com “olhar pornográfico”, mas deteve-se no foco textual, que faz uma crítica a algumas abordagens realizadas pela Publicidade. Nas palavras da Banca Elaboradora, “o último quadro é uma sequência dos primeiros, que sugerem o tipo de leitura pretendido”.

A Gerência de Processos de Seleção do Ifes esclarece que as questões de prova dos processos seletivos são elaboradas por profissionais do quadro efetivo do Instituto, indicados pela coordenadoria (setor que reúne docentes de uma mesma área de conhecimento) responsável pela disciplina da prova em questão. Após a elaboração, as questões são encaminhadas à Gerência de Processos de Seleção apenas para formatação da prova, tendo em vista a necessidade de manter o conteúdo restrito ao menor número possível de servidores, para garantir o sigilo dado às provas até o momento de sua aplicação.

O Instituto Federal do Espírito Santo está analisando quais são as providências possíveis neste caso.

Voltei
Entendi. Nada menos de 15 questões são dedicadas ao ódio ao capitalismo e à publicidade. Boa mesmo era a Alemanha Oriental, onde só existia a propaganda oficial. Sociedades comedidas, sem esse apelo ao consumo, são Cuba e a Coreia do Norte, por exemplo. Por lá o ideal de equilíbrio e sobriedade da civilização se realiza.
Mais: essa crítica à propaganda, feita de modo tão bucéfalo, Deus meu!, é velha, ultrapassada, da década de… 60! A publicidade, hoje em dia, ao contrário da caricatura estúpida feita acima, descobriu a eficiência da metalinguagem. Ela deita um olhar crítico sobre si mesma. É, com raras exceções, politicamente correta a mais não poder. Uma propaganda de desodorante que está no ar, diga-se, mostra, sim, um monte de mulheres aos pés do rapaz. Trata-se, evidentemente, de uma peça de humor, que brinca com o ridículo. Os publicitários são bem mais inteligentes do que esses pterodáctilos de esquerda, que ficam atormentando nossos jovens nas escolas públicas e privadas e nas universidades.
A coisa mais parecida com os esquerdistas infiltrados no ensino é o Taleban…
Despropósito
Essa prova é destinada a alunos que pretendem fazer o curso técnico integrado ao ensino médio. Foi aplicada, então, também a quase crianças, que acabaram de sair do ensino fundamental. Voltem à nota estúpida. Segundo o instituto, a prova seria séria porque, afinal, foi aplicada por gente séria… Ah, bom! A direção do IFES, no entanto, se isenta de qualquer responsabilidade.  
Diz o IFES que a banca que elaborou o exame não viu o sexo grupal e oral com “olhar pornográfico”. Ah, bom! Só existe pornografia quando a imagem busca o deleite. Quando se faz uma crítica ao capitalismo e à sociedade de consumo, então o que se tem é só exercício da inteligência.
Penso no mais recente escândalo do Brasil, com suas peripécias que misturam assuntos públicos, embargos e desembargos de alcova e ladroagem… Tudo bem pensado, por que o MEC não aplicaria uma prova com uma tirinha retratando sexo oral? Faz sentido!
Não será fácil tirar a educação brasileira do abismo em que se encontra. À diferença do que imaginam alguns, o problema principal não é a falta de recursos, mas a estupidez militante que tomou conta da área. Todos os “inimigos do capitalismo” – amigos do próprio rancor e da própria incompetência – se juntaram nesse nicho. Destroem gerações de alunos.
A área sempre foi ruim. Com a chegada do petismo ao poder, atingiu-se o estado da arte. As bestas ao quadrado estão convictas de que o socialismo no Brasil começará pela… educação!

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