sexta-feira, 8 de janeiro de 2010



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RODRIGO CONSTANTINO PARA O INSTITUTO LIBERAL
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Programa Nacional Bolivariano
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O presidente Lula assinou o decreto que criou o “Programa Nacional de Direitos Humanos”, apenas uma fachada para a “revolução bolivariana” em marcha no continente. O programa avança de forma escancarada sobre as mais básicas liberdades individuais, incluindo a propriedade privada. O governo está sugerindo quase trinta novas leis, assim como a criação de mais de dez mil novas instâncias burocráticas para empregar os camaradas. Os parasitas têm fome de recursos e poder!
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Entre outras barbaridades, o governo tenta avançar rumo à “democracia” plebiscitária da Venezuela, um eufemismo para a velha ditadura da “maioria” – na verdade, uma minoria organizada que fala em nome do “povo”. Faz parte da agenda dos “direitos humanos” instituir o financiamento público de campanhas eleitorais também, para criar o “caixa três” dos grandes partidos. Resgatar a censura na imprensa é outra meta do programa. Rever a Lei de Anistia é outro objetivo, partindo para um “revanchismo” que ignora o papel dos guerrilheiros comunistas na escalada opressora da década de 1960. Os atuais “heróis” da democracia lutavam, na verdade, para instaurar no país uma ditadura como a cubana. Por fim, o programa pretende regulamentar a taxação das grandes fortunas, medida extremamente populista – e estúpida do ponto de vista econômico – que representa apenas a idealização da inveja, sentimento mesquinho típico dos socialistas.
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Em suma, trata-se da aceleração do projeto “bolivariano” em curso no continente, cujo ícone máximo está na figura pitoresca de Hugo Chávez. A turma dos “direitos humanos” é assim mesmo: defende tudo aquilo que existe de mais abjeto no mundo. A cara-de-pau dessa gente não encontra limites: eles são capazes de falar em “direitos humanos” abraçando o ditador mais cruel do continente, o decrépito “El Coma Andante” de Cuba, ou então o louco Ahmadinejad do Irã. Para alguns defensores dos “direitos humanos”, Guantánamo parece um lugar mais apropriado...
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010



TONY BELOTTO

Amor por dinheiro
Excelente crônica do guitarrista dos Titãs para Veja

A imagem não fala por si. Ela fala para si, que me lê agora. Para si e para todos nós. Ela diz - ou melhor, grita, berra, urra: “Otários!”. E prossegue, em tom jocoso, a desgraçada da imagem que fala - ou melhor, vocifera, brada, exclama: “Rá, rá, rá, se ferraram de novo, imbecis! Vocês não aprendem mesmo, né?”. E depois de uma pausa rápida para respirar (afinal, imagem que fala também respira), a imagem prossegue, reflexiva: “Que caso terrível de masoquismo coletivo esse de vocês! Rá rá rá. Não reagem nunca a todas essas calhordices e falcatruas…”

Estou delirando, a imagem realmente não fala. Ela simplesmente ri, gargalha e escarnece de si, que me lê agora. De si e de todos nós. Lula poderia ter dito: “A imagem não fala por si, mas gargalha de si, otário que me ouve”. O que mais me impressiona nessas infelizmente corriqueiras imagens de corruptos com a mão na massa é a volúpia com que se lançam ao dinheiro. Pupilas brilhantes, maxilares contraídos e mãozinhas afoitas mal disfarçam a euforia que lhes inspira o vil papel. E vão metendo os maços de dinheiro atabalhoadamente por bolsos, cuecas, perucas, meias, fundilhos e qualquer outra fenda ou buraco que se apresente. E fazem isso com a maior desfaçatez, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Os corruptos demonstram um desejo incontido de serem “possuídos” pela grana, de serem “comidos” pelo dinheiro, numa síndrome que talvez nem Freud explicasse, a estranha pulsão patológica que leva seres humanos a enfiar cédulas de dinheiro por orifícios do corpo. Às vezes, ao contrário, parecem querer “comer” a grana, ou “possuí-la”, num eterno e maçante troca-troca monetário. A imagem - sem palavras - que mais me comove é a dos corruptos rezando. O que é aquilo? A quem oram e agradecem pelas granas surrupiadas? O deus dos corruptos deve ser um imenso George Washington sentado num trono kitsch folheado a ouro. Ou um imensurável Benjamin Franklin, Abraham Lincoln ou qualquer outra carantonha que estampe uma nota de dólar (para os corruptos não importa que Washington, Franklin e Lincoln tenham sido políticos importantes, o que vale é que simbolizam dólares).
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A imagem que fala para si, caro leitor, reza assim: “O panetone nosso de cada dia, nos dai hoje”. E o grande deus dos corruptos, milagreiro que é, dará um jeito de logo multiplicar não peixes e pães, mas panetones e pizzas. Sempre nos restará o prazer amargo de testemunhar o reality show macabro, o eterno Big Brother da Corrupção. Quem se importa em ver mulheres nuas? Rapazes de tonificados peitorais? Se temos políticos metendo dinheiro por seus recônditos, como cavaleiros do apocalipse ético? Amém.
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Fonte: Veja