sexta-feira, 16 de março de 2012

Coluna do Augusto Nunes

O guerrilheiro de festim que articulou o mensalão e prospera como facilitador de negócios também virou palestrante 




 Parida pelo governador Agnelo Queiroz e sustentada pelas estatais de sempre, a Bienal do Livro de Brasília tem a cara do pai e tanta compostura quanto as madrinhas. É compreensível que o companheiro José Dirceu esteja no elenco de palestrantes do “evento literário” que pretende animar as noites da capital entre 14 e 23 de abril. Segundo a programação de estreia, o chefe da quadrilha do mensalão vai discorrer sobre “O fim das utopias e a ditadura do mercado”. 

Dirceu deveria aproveitar o tema para contar a verdadeira história do guerrilheiro de festim que caiu na vida para subir na vida. Como tal surto de sinceridade pode dar cadeia, o palestrante provavelmente dirá que só aceitou suspender por uns tempos a luta pela implantação da ditadura do proletariado depois de submetido a atrozes sessões de tortura por carrascos a serviço da elite golpista. Para sobreviver, conformou-se com o ofício de “consultor”. 

É por estar sob o jugo da ditadura do mercado, portanto, que Dirceu anda ganhando um dinheirão como facilitador de negócios tramados por capitalistas selvagens. Tão logo recupere a liberdade, voltará a perseguir o paraíso socialista em tempo integral ─ e empunhando um trabuco, se necessário. 

Diga o que disser, o palestrante vai embolsar o cachê de R$ 5 mil. É também por isso que Dirceu sempre quis ser Lula. Para contar mentiras, o chefe ganha 40 vezes mais.

Fonte: Augusto Nunes

segunda-feira, 12 de março de 2012

Opinião


Liberdade x igualdade

João Mellão Neto - O Estado de S.Paulo

Um debate ideológico que já estava esgotado na maioria das nações civilizadas voltou. E voltou com especial virulência. É a monótona discussão entre a direita e a esquerda, que parecia de início não ter sobrevivido à passagem do século. Ao que se percebe, agora, é que ela se tem limitado ao Continente Americano. A novidade, desta vez, é a entrada em cena do conflito também no seio dos Estados Unidos.
Nós, aqui, na América Latina, sempre cultivamos heróis e mártires que combinavam em seu discurso nacionalismo, esquerdismo, e antiamericanismo. Só mesmo por aqui poderiam ter dado certo o populismo e a Teologia da Libertação. A tese que os dois defendem é de fácil assimilação: "Somos pobres, sim, mas por culpa deles!". E quem são eles? A resposta já vem na ponta da língua: "Os imperialistas que desde sempre nos exploraram". Sejam eles quem forem: os portugueses, os espanhóis, os ingleses, os norte-americanos e, em breve, os chineses. Ora, se na lamuriosa América Latina - um subcontinente em que quase todas as nações adquiriram a sua independência há quase dois séculos - esse tipo de discurso ainda faz sucesso, algo não vai bem na saúde mental de seus povos. Parecem fazer parte da nossa cultura a paranoia e a terceirização das responsabilidades.
Nós acreditávamos ingenuamente que todas essas doenças infantis de nossa civilização já tinham ficado para trás. Qual não tem sido a nossa surpresa ao perceber que elas voltaram. Na Venezuela - onde há tanta abundância de petróleo e tamanha carência de estadistas - quem ocupa o espaço público é um esperto coronel que há 14 anos se mantém no poder sob o pretexto de estar implantando o "socialismo bolivariano". Como ninguém sabe exatamente do que se trata, e enquanto a oposição permanecer desunida, ele se vai perpetuando no comando. Hugo Chávez conta com a bênção de Fidel Castro. Aliás, basta acenar com ajuda econômica que os irmãos Castro abençoam todo mundo.
Na Bolívia há um ditador que afirma estar no poder para lutar pela restauração de uma civilização indígena que nunca foi, de fato, uma civilização. No Paraguai, o governante é um prolífero (e promíscuo) bispo progressista. Na Argentina há uma presidente populista que governa dentro da mística trágica e melodramática do peronismo. No México um líder radical de esquerda por muito pouco não venceu as eleições presidenciais. Nas universidades de todo o continente ainda há muita gente que acredita que Salvador Allende foi um bom presidente do Chile. O Uruguai é governado pelos legendários tupamaros. E, por fim, temos o próprio Brasil, que há quase uma década vem sendo governado por uma elite que diz estar lá justamente para nos defender das elites.
Esquerdismo e populismo não são apenas uma rima, são também uma fórmula política. Uma música que faz sucesso, não importa quantas vezes é reeditada, sempre faz sucesso. Desacatar um embaixador norte-americano, vociferar contra um primeiro-ministro inglês, falar mal em público do presidente dos Estados Unidos, tudo isso é recebido com entusiasmo por aqui. Faz bem à nossa tão propalada "macheza latina".
O que não se esperava é que coisas assim chegassem ao Hemisfério Norte. O atual presidente, oriundo do Partido Democrata, tem-se revelado tão desastrado que logrou uma verdadeira proeza: conseguiu fazer os setores mais obscurantistas da sociedade norte-americana serem ouvidos, ganharem respeito, e acabarem por ter influência decisiva na política nacional. Vale lembrar que, na nomenclatura de lá "liberal" não significa a mesma coisa que no resto do mundo. Os liberais norte-americanos equivalem aos social-democratas, gente que se situa à esquerda no espectro ideológico.
Mas, afinal, o que significa, de fato, ser de direita ou ser de esquerda? Sem me alongar em maiores detalhes, o que existe na sociedade são duas concepções de mundo logicamente impecáveis e realistas, mas inconciliáveis em grande parte: é a liberdade em contraposição à igualdade. Estas são as duas maiores aspirações da sociedade desde o Iluminismo, foram muito bem resumidas por Rousseau e acabaram sendo insculpidas no pavilhão da Revolução Francesa.
Acontece que esses dois princípios, em parte, se excluem entre si. Os seres humanos não nascem todos iguais. Eles diferem em talento, capacidade e empenho. Numa sociedade que aplica o princípio da igualdade como valor maior, os melhores não se poderão destacar e o sistema será opressivo para eles.
Por outro lado, numa sociedade em que a liberdade se mostrar total, alguns se sairão melhor do que outros. Em consequência, eles se tornarão cada vez mais ricos. E assim se gerará a desigualdade.
A questão permanece inconclusa 200 anos depois: a esquerda defende a igualdade, os direitos sociais e a ideia de que os mais fortes têm a obrigação de ajudar os mais fracos. Já aos olhos da direita as questões que importam são bem distintas. A direita defende a liberdade, os direitos humanos e o direito de cada um vencer na vida e buscar a felicidade à sua maneira.
No ano passado ocorreu um célebre diálogo entre os presidentes dos Estados Unidos e da China, as duas maiores potências do planeta. A China adotou o capitalismo sem grande convicção, apenas por entendê-lo como útil para o desenvolvimento econômico e para não ficar atrasada em relação às outras nações. Já os Estados Unidos fazem do capitalismo o seu próprio modo do de ser.
Barack Obama questionou Hu Jintao sobre as recorrentes violações dos direitos humanos e da democracia na China. Hu Jintao, diplomaticamente, reconheceu a importância desses assuntos, mas disse que, por enquanto, isso não é prioridade. "Prioritário, para nós, é alimentar, vestir e abrigar o povo chinês".
*Jornalista, foi deputado, secretário e ministro de Estado. E-mail: j.mellao@uol.com.br. Artigos anteriores: www.blogdomellao.com.br

O ECAD e o tiro no pé...

Entenda o caso:

Por uma internet livre!
Por Uno de Oliveira para o blog Caligraffiti

Queria fazer um desabafo para todos os leitores do Caligraffiti e explicar porque ficamos boa parte dessa semana com o site fora do ar. Recebemos um email do ECAD dizendo que teríamos que começar a pagar por embedar vídeos sonorizados do You Tube e Vimeo. Segundo o ECAD:

“Esclarecemos que, toda pessoa física ou jurídica que utiliza músicas publicamente, inclusive através de sites na Internet, deve efetuar o recolhimento dos direitos autorais de execução pública junto ao ECAD, conforme a Lei Federal 9.610/98.”

Então o ECAD além de ganhar do Google e Facebook agora está começando a taxar todos os sites que têm algum tipo de sonorização, mesmo sendo um compartilhamento. E o valor não é barato! O pior de tudo é que o Caligraffiti não é uma empresa e nem tem fluxo de caixa, não há beneficiamento financeiro em nenhum patamar. O projeto é bancado pelos próprios escritores que acreditam em poder contribuir com a evolução do design nacional.

E pasmem, a nossa legislação atual compactua e protege o ECAD a fazer esse tipo de cobrança. Não temos saída, a não ser colocar a boca no mundo e cobrar leis mais flexíveis quando o assunto é internet. 

Conversamos com muita gente, blogueiros, advogados especializados e formadores de opinião, todos concordam que esse tipo de atitude inibiria a blogosfera brasileira, que utiliza muito material compartilhado de grandes canais de vídeo online. Por opiniões unânimes decidimos recolocar o site no ar e encarar a briga, caso realmente eles queiram isso.

Hoje em um mundo web 2.0 não podemos nos abster de compartilhar o que achamos interessante no nosso site. É contra a liberdade de expressão e totalmente contra alguns dos mais importantes princípios do Caligraffiti, a divulgação, compatilhamento e discussão de assuntos relativos ao design, arte e cultura.

Fonte: Caligraffiti

A resposta do Google, administrador do Youtube:

Sobre execução de música em vídeos do YouTube 

Por Marcel Leonardi, diretor de políticas públicas e relações Governamentais do Google Brasil

Os videos online desenvolveram um novo universo de oportunidades para criadores de conteúdo. Eles possibilitam que artistas, músicos, cineastas, ativistas de direitos humanos, líderes mundiais e pessoas comuns levem seu trabalho para uma audiência global. No YouTube, nos esforçamos para apoiar esse ambiente, onde qualquer um pode se engajar, criar e dividir conteúdo. É por isso que vemos com surpresa e apreensão o recente movimento do ECAD na cobrança direta a usuários da ferramenta de inserção ("embed") do Youtube. Gostaríamos de esclarecer qualquer incerteza sobre algumas questões que aconteceram em alguns sites e blogs que inserem vínculos (embedam) a vídeos do YouTube, promovendo visualizações e ajudando a dividir seus pensamentos e opiniões por meio de vídeos:

1- Google e ECAD têm um acordo assinado, mas ele não permite nem endossa o ECAD a cobrar de terceiros por vídeos inseridos do YouTube. Em nossas negociações com o ECAD, tomamos um enorme cuidado para assegurar que nossos usuários poderiam inserir vídeos em seus sites sem interferência ou intimidação por parte do ECAD. Embora reconheçamos que o ECAD possui um papel importante na eventual cobrança de direitos de entidades comerciais, nosso acordo não permite que o ECAD busque coletar pagamentos de usuários do YouTube.

2- O ECAD não pode cobrar por vídeos do YouTube inseridos em sites de terceiros. Na prática, esses sites não hospedam nem transmitem qualquer conteúdo quando associam um vídeo do YouTube em seu site e, por isso, o ato de inserir vídeos oriundos do YouTube não pode ser tratado como “retransmissão”. Como esses sites não estão executando nenhuma música, o ECAD não pode, dentro da lei, coletar qualquer pagamento sobre eles.

3- O ECAD pode legitimamente coletar pagamentos de entidades que promovem execuções musicais públicas na Internet. Porém, o entendimento do ECAD sobre o conceito de “execução pública na Internet” levanta sérias preocupações. Tratar qualquer disponibilidade ou referência a conteúdos online como uma execução pública é uma interpretação equivocada da Lei Brasileira de Direitos Autorais. Mais alarmante é que essa interpretação pode inibir a criatividade e limitar a inovação, além de ameaçar o valioso princípio da liberdade de expressão na internet.

Nós esperamos que o ECAD pare com essa conduta e retire suas reclamações contra os usuários que inserem vídeos do YouTube em seus sites ou blogs. Desse modo, poderemos continuar a alimentar o ecossistema com essas centenas de produtores de conteúdo online. No YouTube, nós nos comprometemos a levá-los cada vez mais próximos a seu público graças à inovação tecnológica e a características sociais como compartilhamento, discussão e até inserção em outros sites, caso o próprio vídeo permita.

Continuaremos a oferecer a cada autor de conteúdo a opção de decidir se eles querem que seus vídeos tenham a opção de serem inseridos (embedados) ou também disponíveis para dispositivos portáteis ou telas maiores, usando o botão “editar informações” em cada um de seus vídeos. Essas opções também podem ser acessadas pelo http://www.youtube.com/my_videos. 

Postado por: Marcel Leonardi, diretor de políticas públicas e relações Governamentais do Google Brasil

O comentário deste blog:

Como diria a genial Cecília: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda…” Será mesmo? Olha aí o ECAD confundindo alhos com bugalhos… Essa ultrapassada entidade está para a internet como a saudosa fita cassete está para o mp3.
 
Vejam só que incoerência: Com a boa intenção de defender o músico, o ECAD acaba prejudicando os principais meios de divulgação e execução da própria música. Ou seja, um paradoxo e um obstáculo absurdo contra a própria arte musical.
 
Sobretudo por querer regulamentar a internet. Será como enxugar gelo. Além disso, é a liberdade que está em jogo, e não a legalidade de uma lei equivocada.
 
Ora, é isso que acontece quando queremos e lutamos por mais e mais regulamentações. Um tremendo erro! E onde fica a liberdade do indivíduo, no caso o músico, de defender-se sozinho sem que um escritório de burocratas governamentais surrupie impostos em seu nome? A regulamentação excessiva é um câncer. Ontem, taxaram o Facebook e o Youtube, hoje cobram o Caligraffiti, amanhã, como dito sabiamente num dos comentários, seremos taxados por tocar violão em casa.
 
E tudo isso através de leis, esdrúxulas e absurdas, que afrontam a liberdade das pessoas. É o ECAD querendo surrupiar na internet, a Anvisa regulamentando o que, como e quando devo comer, beber, transar… Até cota para conteúdo nacional em TV a cabo querem nos impor goela abaixo… Para proteger o dito “conteúdo nacional” baixam na base da canetada uma lei que fere a livre escolha do espectador… Francamente!
 
Cuidado minha gente, é isso que dá querer que um governo e suas leis nos defendam em tudo. Aliás, quem irá nos defender delas?
 
Com bem disse Frederic Bastiat: “A lei não é o refúgio do oprimido, mas a arma do opressor.” E ainda Tácito: “As leis abundam em Estados corruptos.” Por fim, Montesquieu: “As leis inúteis debilitam as necessárias.”
 
Parabéns ao Google, ao Youtube pelo bom senso e coragem de se posicionarem em relação ao ECAD. Que isso sirva de incentivo para que todos (músicos, artistas, blogueiros, internautas, etc) se unam contra as ações parasitárias e extorsivas dessa entidade.