quarta-feira, 29 de maio de 2013

A defesa da classe média

Rodrigo Constantino para O Globo, 28 de maio de 2013

Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família. Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.
Uma  das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O  valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de ”justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas  de grife para bailes funk.
Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao  contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado,  intervencionista e paternalista.
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais  concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).
O ex- presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que  comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?
A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era ”desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era ”definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o ”terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano?  Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
O agravante disso  tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos  escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o  setor privado, sempre mais eficiente.
Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos  obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre  Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A  classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”
É fácil dizer isso quando ganha um  belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe. Mas não nos  enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto  material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.
Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.
Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e  Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!

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Entenda o contexto:





segunda-feira, 20 de maio de 2013

Marilena Chaui e o grito primordial: “Eu ODEIO a classe média!”




A filósofa petista incita o ódio de classe pois sabe que a classe média se ofende ao ser associada com fascismo e outras coisas que repugna profundamente.

Talvez a maior dificuldade da filosofia seja encontrar termos precisos, que ao menos com alguma acuidade tratem de espelhar a realidade com certa precisão e limites discerníveis. É muito comum um filósofo competente perder-se em seus próprios termos abstratos, abandonando qualquer compromisso com a dureza dos fatos concretos.
É o caso de um grande mestre da lógica como Bertrand Russell e seu mais famoso discípulo, Ludwig Wittgenstein. Ambos eram artífices da mais pura lógica matemática. Suas contribuições ao pensamento factual, entretanto, são tão platiformes que o último inicia seumagnum opus encontrando dificuldade em aceitar o fato de haver mais palavras do que coisas no mundo, crendo então ser um paradoxo o fato de todas as palavras estarem num mundo feito de coisas.
A professora de filosofia petista da USP Marilena Chaui, que possui alguma competência na exegese de filósofos há muito observadores do sol de outros mundos, é famosa por sua visão marxista de conceitos, palavras e categorias. É uma manipuladora competente de termos com grande carga psicológica para sua platéia.
Leia mais em: Implicante