quinta-feira, 24 de setembro de 2009

RODRIGO CONSTANTINO
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Hipocrisia da Esquerda
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Hugo Chávez afirmou que “sabia de tudo” sobre a volta do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao país, e ainda disse ter ajudado a “despistar” as autoridades sobre o paradeiro de Zelaya. O governo brasileiro nega ter participado da operação de retorno de Zelaya, mas parece extrema ingenuidade crer que ele simplesmente se “materializou” na embaixada brasileira, junto com outras setenta pessoas. Sem falar que Zelaya esteve no Brasil conversando com o presidente Lula pouco antes. Além disso, a embaixada não ofereceu asilo, e sim “abrigo”, tornando-se um palco para discursos políticos de Zelaya.
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Tudo isso já seria bastante estranho do ponto de vista do direito internacional e da diplomacia entre nações. Mas eu gostaria de focar no aspecto da incoerência dos discursos e atos dos próprios líderes de esquerda da América Latina. Afinal, são esses mesmos presidentes – Chávez e Lula – que costumam acusar o governo americano, não sem razão, de atos “imperialistas” quando este se mete indevidamente em assuntos locais dos países latino-americanos. Por que quando o governo americano se mete nos assuntos de outros países é “imperialismo”, mas quando o governo venezuelano se mete é uma “luta pela democracia”?
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O uso de dois pesos e duas medidas também costuma ser chamado de hipocrisia. É quando alguém utiliza critérios diferenciados para julgar coisas distintas, na tentativa de sempre condenar o que não gosta e proteger seus aliados ou interesses. Por exemplo, quando aquele que abraça uma cruzada pela “democracia” é o mesmo que defende o regime cubano, a mais duradoura ditadura do continente. Ou quando aquele que culpa o embargo americano a Cuba por sua miséria é o mesmo que condena a globalização e chama o comércio com os americanos de “exploração”.
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Tanta incoerência, tanta contradição, possui apenas uma explicação. Esses líderes esquerdistas não estão preocupados com princípios isonômicos ou com a honestidade intelectual, e sim com a única coisa que eles almejam: o poder.
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Fonte: Rodrigo Constantino

4 comentários:

Vitor G. Nery disse...

Muito chato esse post, não concordo com nada. Se o movimento não é partidário como me disseram e se não se pode mais separar o mundo em Esquerda x Direita, o que acontece aqui? Caso alguém aqui não tenha notado, a diplomacia Brasileira no caso de Honduras é bem diferente de posições que os Estados Unidos tiveram nestes últimos anos. Afinal a gente não invadiu o país deles nem finaciou ditaduras militares, ao contrário, nossa casa diplomática resolveu dar asilo a um lider deposto por meio de golpe de estado. Ato totalmente anti-democrático, assim como a guerra, que é a comprovaçao do fracasso diplomático. Não que esse lider não tivesse que sofrer uma sanção tão severa quanto está, afinal queria ir na onda de reeleições. Eu, particulmente, sou contra. Lembrando que aqui no Brasil essa brincadeira teve início com o "santo" FHC. Só acho que transparência é o começo de tudo. O próprio EUA não teve transparência alguma quando mentiu para seus cidadãos e para todo o mundo sobre as armas de destruição em massa do Saddam. E outra, ser apartidário só por não apoiar partido nenhum nos dias de hoje é saída fácil - uma vez que nenhum dos partidos se salva. Só não podemos perder o respeito por ideologias e sonhos alheios. A figura de um Nazista (sim é um nazista, coturno, calça jeans e suspensório) segurando uma bandeira Comunista com uma tatuagem de uma estrela vermelha e com a cabeça cheia de merda é muito violenta para um grupo que quer reviver um movimento social que foi os dos caras pintadas e clamam pela ética. Então me diga: a ética comporta o desrespeito? Ou a ética se transformou em sinônimo de desrespeito?

coordenação do Movimento cívico e voluntário Ética Já! disse...

Prezado Vitor,

Criticaremos, manifestaremos e protestaremos contra a esquerda e também contra a direita. Se praticar corrupção ou for beneficiado pela impunidade, será criticado.

Isso foi definido pelos voluntários que participam, de livre e espontânea vontade do grupo. Não temos ajuda de partido político, não damos lanchinho nem transporte como a esquerda vem fazendo, não recebemos verbas de ONG's, entidades estatais, etc.

Não estamos dentro de nenhum gabinete e não temos nenhum interesse relacionado à político A, B, ou C.

Somos um grupo apartidário, porque num grupo plural, há pessoas com tendências de direita, e há pessoas com tendências de esquerda. É simples.

Contudo, não podemos criar bandeiras imutáveis, falsas verdades absolutas (assim como um torcedor de futebol). Tipo, se sou de direita vou ser favorável à corrupção de direita? Ora, é isso que a esquerda vem praticando. Exemplo: Dar asilo político à assassino da esquerda italiana, mas entrega os pugilistas cubanos pro regime castrista, simplesmente porque não queriam retornar a ilha.

Se amanhã houver uma escalada da direita na América Latina, com táticas anti-éticas, será alvo do nosso protesto, da mesma forma.

O que não podemos é nos omitir em relação aos desmandos e incoerências que estão sendo praticadas pela esquerda. Vide a classe estudantil comprada, via UNE/UBES com dinheiro público.

Por isso não há caras pintadas na ruas (e dificilmente haverá). Nesse aspecto o corrupto Collor foi melhor que o governo atual. Não financiou o silêncio da classe estudantil com generosas verbas de estatais.

Você deve dar a importância devida ao trecho do texto onde o Rodrigo Constatino diz:

"Tanta incoerência, tanta contradição, possui apenas uma explicação. Esses líderes esquerdistas não estão preocupados com princípios isonômicos ou com a honestidade intelectual, e sim com a única coisa que eles almejam: o poder."

E isso deve sim ser criticado. Agora se a análise já parte com uma posição, ou bandeira (esquerda/direita) pré-estabelecida, fica difícil enxergar a realidade.

O muro de Berlim já caiu faz tempo...

Faltou avisar aos néscios latinos americanos que usam do ultrapassado marxismo para chegarem e se estabelecerem no poder.

Quanto às críticas aos governos anteriores, somos favoráveis. Pena que nossas atividades se iniciaram em 2007, auge dos ecândalos do mensalão, sanguessugas, ONG's, quebra de sigilo de caseiro, etc.

No mais, cuidado ao querer justificar erros atuais com erros do passado, afinal de contas, a soma de dois erros não resulta num acerto, e sim, em dois erros.

Portanto, todo erro deve ser combatido.

Enfim, você está certíssimo ao afirmar que a transparência é o começo de tudo.

Por isso mesmo, criticas aos líderes da esquerda (polarização que só perdura na América Latina e Coréia do Norte).

Saudações!

Vitor G. Nery disse...

Olha, desculpa de novo, eu acho que lutar pela ética é a coisa mais valiosa a se fazer agora, uma vez que ela não existe mais na mente de nossos políticos e nem dos cidadãos.

Não vejo essa compra da classe estudantil como algo que abrange a totalidade, eu sou estudante e vocês, pelo visto, também são e não estamos inertes perante essas pilantragens.

Mas acho triste essa idéia de que os líderes de esquerda almejam o poder, é uma idéia um pouco mentirosa, ou melhor, tendênciosa, afinal a verdade não é essa, a verdade é que todo político(ou pelo menos a maioria) almeja esse poder, tenha ele a ideológia que for.

Essa afirmativa de utilização do Marxismo para chegar ao poder caiu por água, visto que Chavez e o Lula (para mim nenhum deles é de esquerda, são no mínimo centro, ou seja, em cima do muro) foram eleitos democraticamente. Agora o Marxismo é utilizado hoje até mesmo pelos bons economistas. Não podemos deixar essa idéia morrer, e além disso devemos respeitá-la, pois pode não ser uma resposta para nós agora, mas quem sabe no futuro.
O Fidel, já, é uma forma de esquerdismo, existem fidelistas que não são marxistas. Na Coréia do Norte os norte coreanos lutaram para ter aquele regime, até mesmo contra seu próprio povo, e apesar de falarmos que o muro de Berlim caiu faz tempo, as coréias ainda estão longe de se unificar.

Outra coisa, e a China? É um país socialista que cresce 10% ao ano há 10 anos, claro, só falando do lado econômico pois, se falarmos do ponto de vista ético social, vamos acabar por fazer um Movimento Ética Já lá também, com a diferença é que lá todos seriam presos em função da censura.

Vitor G. Nery disse...

Eu não justifico erros dos atuais com erros do passado, só não dou as costas para história e finjo que a corrupção começou agora. Porque acredito que tem de se pegar pela ética e justiça até aqueles que já não estão mais no governo e erraram lá atrás.
É no começar errado que se perpetuam vícios de postura e políticos. Ou o populismo foi inventado pelo Lula, assim como a corrupçao pelo PT? Não vamos ser ingênuos, não é mesmo?

Sabe, o grande ponto que divergimos é que eu vejo esses escandalos com tristeza, mas com certa felicidade, uma vez que sabemos deles. Se voltarmos 15 anos vamos ver que a PF não investigava (se é que ela existia, existia?), a mídia não divulgava e tudo ficava por isso mesmo. Tanto é que o povo brasileiro estava cansado e votou no barba só para ver se mudava.
Hoje temos uma transparência que nunca havia sido vista. Sabemos que só 14% das obras do PAC estão prontas e quanto dinheiro já foi utilizado (claro que foi mais do que o previsto). Temos também a internet para ajudar, mas mesmo assim, se o governo não quisesse aplicar essa transparência , simplesmente não aplicaria.

Para finalizar, a "ideologia de esquerda" está no Poder Executivo de forma una. No entanto, o Congresso Nacional não é só formado por políticos do o PT, do PSTU, PC do B, PSB, PSOL e o PCO. E mais, se ninguém de lá está fazendo nada para retirar o Sarney é porque eles sabem de coisas que nós não sabemos e, talvez, tenham mais medo ainda de serem todos caçados ou de acabarmos como em 64, com os militares tomando tudo.

Volto a colocar: não devemos virar as costas para o passado. Foi FHC pai do plano real, que criou no Brasil os primeiros programas de bolsa, sendo que Lula, o sem dedo, só continuou.

A ética não diferencia esquerda e direita. Isso vocês falam e eu concordo, mas também não podem fazer uso da ética para criticar ideologias políticas, como se fosse anti-ético portar ou defender alguma dessas ideológias. Sendo assim, corremos grande risco de verter para apenas um caminho certo e fechar os olhos para todas as outras possibilidades.

E mais uma vez, sinto que falam da America latina como se fossemos Europeus ou homens brancos que não fazem parte da America Latina, pois se o voto é universal e o sistema é democrático, a maioria vence. Se nós perdendo nas urnas ou não, continuamos fazendo parte disso tudo, disso tudo que fica na America latina.
Somos Brasileiros antes de tudo.

E volto a colocar, agressão ideológica é uma rave coação moral, afinal, ao caçar o diferente ou agredi-lo acabamos por destruir possibilidades diversas e outras respostas.
Ainda acho que o ato de mostrar a figura para um grupo que se diz apartidário, plural
e jovem é um erro de tamanho incomensurável,
já que a ética não comporta preconceitos.
Ela é uma via de duas mãos com uma direção só a do respeito pelo proxímo.