quinta-feira, 15 de dezembro de 2011



Liberais, uni-vos!


Rodrigo Constantino *
 
"Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é 'haverá saída para o Brasil?'. A segunda é ' que fazer?'. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias." (Roberto Campos)
 
O Brasil não precisa reinventar a roda. Claro que particularidades culturais demandarão alguns ajustes no modelo. Mas podemos observar as experiências alheias e aprender com elas. Acima de tudo, sabemos o que não funciona, o que já é meio caminho andado. Experimentamos inúmeras receitas no passado, todas elas derivadas, de alguma forma, da mentalidade coletivista que delega ao governo responsabilidade pelo progresso. Falhamos.

Está mais que na hora de mudar o rumo do país. Nós, liberais, não devemos ter medo de defender aquilo que acreditamos ser o modelo mais eficiente e justo. Não podemos sucumbir à pressão de grupo, à ditadura do politicamente correto. O Brasil precisa de pensadores, de formadores de opinião, sem medo de expor suas crenças. O debate precisa se pautar por argumentos sólidos, por teorias robustas e por casos empíricos bem analisados. E o liberalismo possui larga vantagem sobre qualquer modelo alternativo nesses quesitos.

O que falta, talvez, é melhorar a comunicação com o público maior, saber “vender” de forma mais eficiente a ideia. Os liberais não devem, por exemplo, ignorar as emoções só porque pensam estar do lado da razão. Seres humanos se mobilizam por diversos fatores, e as emoções talvez sejam os mais relevantes. O liberalismo precisa conquistar as mentes e também as almas, evitando dogmatismos. Liberalismo não é seita.

Sabemos que a luta é desigual, pois os coletivistas apelam às emoções mais instintivas e tribais dos homens, muitas vezes de forma pérfida. Mas não podemos desistir da luta só porque o desafio é enorme. Isso seria perder a guerra na largada. E os pilares da civilização não são tão fortes como alguns gostariam de crer. Sem um trabalho incessante daqueles dispostos a manter acesa a chama da liberdade, séculos de civilização podem ruir em poucos anos e a barbárie triunfar.

Se isso é possível – e a história mostra que é – mesmo nas civilizações mais avançadas, o que dizer do caso brasileiro, onde a tradição cultural passa longe dos mais básicos valores liberais? O esforço aqui deve ser redobrado. Ainda estamos nos estágios preliminares, tentando justamente construir os pilares civilizacionais. Os obstáculos são gigantescos. Os grupos de interesses ameaçados pela mudança do status quo vão reagir. E, ainda mais importante, a maioria, imbuída de crenças coletivistas, com forte rejeição ao livre mercado, aos empresários e até ao lucro, vai demonstrar resistência às mudanças também.

Cabe aos liberais exercitar seu poder de persuasão, aprofundar seus argumentos e embalar melhor seu conteúdo. De nada vai adiantar culpar os outros pelo fracasso da empreitada, se ele ocorrer. É preciso lutar sem esmorecer. É necessário vencer, pelo futuro de nossos filhos e netos, que merecem viver em um país mais próspero, livre e justo. A saída é o liberalismo, ou então o aeroporto. Eu escolhi ficar e lutar. Espero contar com a ajuda de todos os outros simpatizantes dos valores liberais.
 
* Epílogo do meu novo livro, LIBERAL COM ORGULHO
 
Fonte: Rodrigo Constantino

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